O TDAH Adulto: A criança com dificuldades que cresceu

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) está cada vez mais presente em conversas, nas redes sociais e até mesmo em diagnósticos tardios na vida adulta. Essa visibilidade pode levar algumas pessoas a questionar se o TDAH é um transtorno que “está na moda”. A verdade, porém, é que os adultos diagnosticados hoje não surgiram do nada; eles foram crianças que, em sua maioria, passaram por inúmeras dificuldades sem um nome ou um tratamento para suas lutas diárias.

O TDAH é uma condição crônica que acompanha o avaliado ao longo de sua vida, manifestando-se de forma diferente em cada etapa. O que era uma dificuldade de atenção na infância pode evoluir para desafios complexos na adolescência e na vida adulta, afetando a saúde mental, o desempenho profissional e os relacionamentos.

Vamos desmistificar a ideia de que o TDAH é um problema exclusivo da infância, explorando como ele evolui e a importância de um diagnóstico e tratamento precoces.

Os Impactos do TDAH na Adolescência

A adolescência já é uma fase de grandes mudanças, e o TDAH pode intensificar esses desafios. O que era uma dificuldade de atenção na infância pode se transformar em problemas mais complexos.

  • Desafios Emocionais e Comportamentais: Na adolescência, o TDAH pode se manifestar com uma maior vulnerabilidade a problemas de saúde mental. Estudos mostram que a falta de tratamento adequado pode estar ligada a um aumento no risco de pensamentos suicidas e outras questões psicológicas.
  • Dificuldades na Escola e na Vida Social: A desorganização, a impulsividade e a desatenção típicas do TDAH podem afetar o desempenho acadêmico, o que por sua vez, impacta a autoestima. Além disso, a impulsividade e a dificuldade em regular as emoções podem prejudicar a criação e manutenção de amizades, levando ao isolamento social.

A Persistência do TDAH na Vida Adulta

Muitos adultos com TDAH não foram diagnosticados na infância e, por isso, enfrentam desafios diários sem entender a causa de suas dificuldades.

  • Desempenho no Trabalho e Finanças: No ambiente profissional, a desatenção pode resultar em erros, prazos perdidos e dificuldades para se manter organizado. Isso pode impactar negativamente o desempenho e a estabilidade financeira.
  • Dificuldades em Relacionamentos: A impulsividade e a instabilidade emocional podem gerar conflitos em relacionamentos amorosos e familiares. A dificuldade de gerenciar emoções e a tendência a agir sem pensar podem prejudicar a comunicação, gerando mal-entendidos e frustração mútua.
  • Saúde e Comportamentos de Risco: O TDAH não tratado também pode estar associado a comportamentos de risco, como o uso de substâncias, e a uma maior incidência de acidentes.

A Importância do Diagnóstico Precoce

Identificar o TDAH na infância não é apenas uma forma de rotular o avaliado, mas sim o primeiro passo para oferecer o suporte necessário para o seu desenvolvimento.

  • Intervenção Oportuna: Um diagnóstico precoce permite que a família e a escola implementem estratégias adequadas de intervenção. Isso ajuda o avaliado a desenvolver habilidades importantes para lidar com os sintomas, melhorando seu desempenho acadêmico e suas relações sociais.
  • Prevenção de Complicações Futuras: Ao tratar o TDAH na infância, reduz-se a probabilidade de que os sintomas evoluam para problemas mais sérios na adolescência e vida adulta, como questões de saúde mental, dificuldades profissionais e desafios interpessoais.
  • Melhora da Qualidade de Vida: Com o tratamento adequado e o suporte contínuo, o avaliado com TDAH tem a chance de desenvolver um plano de vida mais equilibrado, aprendendo a gerenciar os desafios e a utilizar suas habilidades de forma produtiva.

Diagnóstico Preciso: o Caminho para o Tratamento Certo

A jornada para o diagnóstico do TDAH não é simples e exige a avaliação clínica de um profissional especialista, como um neuropsicólogo, neurologista ou psiquiatra. O motivo é que os sintomas do TDAH, como desatenção e impulsividade, podem ser confundidos com outras condições, como ansiedade, depressão ou transtornos de aprendizagem.

Nesse processo, a avaliação neuropsicológica é um dos principais diferenciais. Ela é a “cereja do bolo” porque, por meio de testes e análises detalhadas, o profissional consegue mapear o funcionamento cognitivo do indivíduo, identificando não só a presença dos sintomas, mas também como eles afetam as diferentes áreas do cérebro.

Essa compreensão aprofundada permite ao especialista diferenciar o TDAH de outras condições, além de guiar o tratamento de forma mais precisa e individualizada. Afinal, um diagnóstico correto é a base para um tratamento eficaz e para que o indivíduo possa, enfim, ter as ferramentas necessárias para viver uma vida mais equilibrada e produtiva.

Referências Bibliográficas

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Adelita Marques

Neuropsicóloga e escritora

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